Clubes já se organizam para venda de álcool nos estaduais

Clubes já se organizam para venda de álcool nos estaduais
Getty Images


Um dos principais problemas do futebol brasileiro, o baixo público nos estádios pode ser um fator complicador na venda de bebidas alcoolicas. Na contramão da euforia dos clubes que já projetam a novidade para os estaduais, as cervejarias analisam que o custo estimado em mais de R$ 5 milhões anuais pedidos em conversas preliminares para a comercialização de cotas nas novas arenas não seria interessante para as empresas.

Segundo o ESPN.com.br apurou, no cálculo realizado por uma das companhias de cerveja, uma partida com 15 mil torcedores presentes renderia a venda do correspondente a somente nove caminhões, abaixo do esperado.

As conversas com as diretorias acontecem desde o primeiro semestre e, ainda que o consumo de álcool não tenha sido liberado nos estádios, cláusulas em contratos para a realização de shows já abrangem também os jogos.

A expectativa pelo fim do veto à venda de bebidas alcoolicas no País foi reforçada pelo secretário de futebol do Ministério do Esporte, Toninho Nascimento, em conversa recente com os times. O item responsável pela proibição no Estatuto do Torcedor deve ser alterado ainda neste ano, repassando a decisão sobre o assunto para os Estados e munícipios.

Um estudo elaborado pelo Botafogo e revelado pelo ESPN.com.br em março foi encaminhado a ele meses atrás e teve papel fundamental na decisão pela reforma da lei.
Um dos maiores entusiastas da ideia, o alvinegro carioca está concluindo o processo de rescisão de todos os seus atuais contratos do Engenhão para realizar uma reforma no estádio que tem como principais motivações a venda de bebidas e a receita de R$ 128 milhões prometia pela Prefeitura do Rio de Janeiro para o entorno.

"Os estádios e os presídios são hoje os dois únicos lugares em que não se pode beber cerveja no Brasil", afirma o diretor executivo botafoguense Sergio Landau.

Ele conta com o apoio de outros dirigentes como Andrés Sanchez, responsável pelas obras da Arena Corinthians, novo estádio dos campeões mundiais. Um de seus argumentos envolvendo o consumo de bebida antes das partidas e o atraso na entrada no estádio é citado pelo ex-presidente alvinegro.

"Nas arenas, o futebol em si, se todos souberem trabalhar, vai se tornar um detalhe. O grande desafio das arenas é fazer eventos diariamente. O maior de todos para os nosso clubes e administradores é trazer o torcedor até três horas antes do espetáculo e tentá-lo manter três horas depois do espetáculo. Com jogo às 22h, ele vai sair 2h da manhã. Mas ele sai da balada às 4h da madrugada, então, não tem problema", analisa Andrés.

"Temos que inventar uma forma de manter o torcedor o maior tempo possível dentro do estádio e escalonar para não ter aquela invasão de dez minutos antes de torcedores enchendo a cara do lado de fora. Não poder beber dentro do estádio é uma das leis absurdas desse país que diz q a violência parte da bebida. Então, vamos fechar todas as montadoras que produzem carro que andam a 240 km/h", prossegue.

A federação carioca chegou a divulgar comunicado autorizando a comercialização de cerveja antes das partidas e no intervalo em março, mas foi obrigada a voltar atrás três dias depois. Mais recentemente, a cearense também enfrentou problema com a pressão do Ministério Público e também recuou. Ainda na região Nordeste, existe atualmente uma proposta de projeto na Câmara dos Deputados de Natal para liberar o consumo de álcool nos palcos locais.

O deputado federal e vice-presidente da federação paulista, Vicente Cândido, relator da Lei Geral da Copa, que autorizou a venda de bebidas na Copa das Confederações e no Mundial, até brincou sobre a polêmica.
"Fui mais relator da lei do copo do que da Copa", disse.

André Linares/ESPN.com.br




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