O
primeiro dia dos condenados do mensalão na Penitenciária da Papuda, em
Brasília, acabou literalmente em pizza - mais precisamente dez, das grandes. A
Polícia Federal encomendou caixas da iguaria italiana e promoveu um jantar
"VIP" para os padrões da cadeia.
Proibida
aos demais presos, que são obrigados a comer as quentinhas da prisão, a massa
foi comprada pelos policiais de plantão e chegou à cela 4, que abrigava o
deputado licenciado José Genoino (PT-SP), o ex-ministro José Dirceu, o
ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e o ex-tesoureiro do PL (hoje PR), Jacinto
Lamas.
O
cardápio da primeira noite no xadrez é citado em relatório do procurador
federal dos Direitos do Cidadão, Aurélio Virgílio Veiga Rios, que visitou o
Centro de Detenção Provisória da PF, na Papuda, em 17 de novembro, um dia após
a transferência dos presos a Brasília. Na ocasião, o procurador e dois
promotores do Ministério Público do DF encontraram no local restos da comida
entregue na véspera.
"Constatamos,
na entrada da ala dos detentos provisórios, a existência de dois sacos de lixo
de 100 litros com as embalagens de pizza que foram encomendadas pela PF, tarde
da noite, quando se decidiu que os cidadãos presos ficariam naquele
recinto", relatou o procurador.
Ao
Estado, a PF explicou que as pizzas foram pedidas pelos agentes, que estavam
sem comer havia 12 horas, e oferecidas por educação "apenas a
Genoino".
O
jantar na Papuda veio da rede de pizzarias Nathely, que tem uma unidade no
Jardim Botânico, bairro próximo ao presídio, e vende discos de tamanho único
(oito fatias), a preços módicos. São mais de 30 opções no menu, a R$ 10,99, R$
14 ou R$ 17.
Os
entregadores estão acostumados a levar encomendas à Papuda. "A gente
entrega lá dentro, mas o motoboy não gosta. Prefere na guarita, do lado de fora",
explicou ontem uma das atendentes da pizzaria.
Desde
a transferência à Papuda, diversas situações evidenciaram tratamento
diferenciado aos condenados do mensalão, que receberam romarias de visitantes
'ilustres', a maioria congressista, fora dos dias e horários previstos para os
demais internos.
Parentes
e amigos dos presos comuns, no entanto, comemoraram a mudança de tratamento dos
funcionários da penitenciária - agora supostamente mais cortês - na fila para a
revista e a entrada.
Na
quinta-feira, a Vara de Execuções Penais (VEP) do DF determinou tratamento
igualitário, em relação a alimentação e visitas, aos presos da Papuda, em
Brasília."A quebra da isonomia encontraria justificativa apenas e tão
somente se fosse possível aceitar a existência de dois grupos de seres
humanos", diz a decisão.
Procurado
pelo Estado, o procurador Aurélio Virgílio não se pronunciou. A VEP informou
que a ala da PF na Papuda é federal e não está sob sua jurisdição.
Estadão
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