Civis
deslocados encontram abrigo em uma igreja na
capital Bangui. Foto: ACNUR/L. Wiseberg
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A situação humanitária na República
Centro-Africana (RCA) está se deteriorando, com 450 pessoas mortas na capital
Bangui e 159 mil outras expulsas de suas casas na cidade, apenas na semana
passada, relataram agências das Nações Unidas nesta sexta-feira (13). Também na
última semana, chegou à capital o maior transporte aéreo de abastecimento de
emergência desde que a violência teve início.
“Muito mais vai ser necessário. Pedimos outra vez a todas
as partes que deixem a ajuda humanitária passar e para que protejam os civis”, disse
o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR),
Adrian Edwards, em uma reunião em Genebra de atualização sobre o país de 4,6
milhões de pessoas. A situação é tumultuada desde que rebeldes do grupo Séléka
lançaram uma série de ataques no ano passado.
“Há relatos frequentes de ataques indiscriminados
contra civis, recrutamento de crianças como soldados, violência sexual e
baseado no gênero, saques e destruição de propriedade”, disse Edwards,
acrescentando que outras 160 pessoas foram relatadas terem sido mortas em
outras partes do país.
“Sérias violações aos direitos humanos estão sendo
cometidas no terreno religioso, assim como o saque a destruição de
propriedades”, relatou a porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das
Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Ravina Shamdasani. “Uma
mesquita foi, segundo relatos, queimada e outra destruída em Bangui no início
desta semana.”
A situação também está tensa em muitas cidades,
incluindo Bouca, Bossangoa e Bozoum, onde um ciclo vicioso de ataques e
represálias continua, com o relato da morte de 27 muçulmanos por milícias de
auto-defesa conhecidos como anti-Balaka, no vilarejo de Bohong nessa
quinta-feira (12).
“Condenamos qualquer ataque em lugares de credo
religioso e pedimos a todas as comunidades para exercitar moderação”, afirmou
Shamdasani.
Segundo o porta-voz do ACNUR, 38 mil pessoas estão
no aeroporto de Bangui sem latrinas, instalações de lavatório e abrigo da chuva
e do sol, enquanto outros 12 mil procuraram abrigo na igreja de St. Joseph
Mukassa, com apenas um ponto de água.
O número de refugiados que fugiram para países
vizinhos ao longo da semana está aumentando, com 1.800 chegando na República
Democrática do Congo (RDC), alguns após andar 200 km por muitos dias, através
da floresta, com seus filhos. Há, no momento, cerca de 47 mil refugiados
centro-africanos na RDC.
Ban faz apelo pessoal no rádio para acabar com ‘derramamento de
sangue’
Secretário-geral
da ONU, Ban Ki-moon, grava mensagem para o povo da República Centro-Africana.
Foto: ONU/Mark Garten
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O
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, usará o rádio para fazer um
apelo pessoal aos cidadãos da República Centro-Africana (CAR) para ajudar a pôr
um fim no derramamento de sangue que atinge o país, principalmente pela
violência entre cristãos e muçulmanos. A mensagem de Ban também alerta que os
autores serão responsabilizados por crimes cometidos.
“Estou
profundamente preocupado com o que está acontecendo em seu país e eu quero
falar com vocês pessoalmente”, disse ele em sua transmissão.
“Muitas
pessoas estão com medo e o país está à beira da ruína. Faço um apelo a todos
para seguir o caminho da paz. O derramamento de sangue deve parar. Não permita
que as vozes do ódio semeiem a divisão que não existia antes. Seja qual for a
sua fé ou história, você compartilha a mesma história e o mesmo futuro. Apelo
aos líderes religiosos e comunitários, muçulmanos e cristãos, para atuar como
mensageiros de paz.”
Ele
acrescentou: “Eu tenho uma mensagem clara a todos os que cometem atrocidades e
crimes contra a humanidade. O mundo está assistindo. Vocês serão
responsabilizados. A ONU está empenhada em ajudar o país a se recuperar da
crise. Vocês não estão sozinhos e não vamos abandoná-los.”
No
início deste mês, o Conselho de Segurança autorizou uma força de paz liderada
pelos africanos e apoiada pelos franceses para conter a violência.
“Tropas
africanas e francesas já estão no terreno e estão fazendo a diferença”, disse
Ban Ki-moon. “Mais virá em breve para ajudar a restaurar a ordem. Estamos
trabalhando para fornecer alimentos, abrigo e remédios. E vamos ficar ao seu
lado para construir uma paz duradoura e um futuro melhor para todos.”
Fonte
ONUBr
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