Interprete de linguagem de sinais acusado de inventar tradução diz sofrer de esquizofrenia

Interprete de linguagem de sinais acusado de inventar tradução diz sofrer de esquizofrenia
Foto: NYT

Thamsanqa Jantjie, o intérprete de linguagem de sinais acusado de inventar a tradução simultânea do discurso de líderes mundiais durante o memorial de homenagem a Nelson Mandela, disse nesta quinta-feira, 12, que sofre de esquizofrenia. Segundo ele, no momento em que traduzia o discurso do presidente americano, Barack Obama, ele viu anjos descendo do céu e tentou não entrar em pânico. Por isso, errou. O intérprete pediu desculpas por sua performance no memorial.

"Não tinha nada que eu podia fazer. Eu estava sozinho numa situação muito perigosa. Eu tentei me controlar e não mostrar ao mundo o que estava acontecendo", disse Jantjie ao jornal Star, de Johanesburgo. "Eu sinto muito."
O intérprete, de 34 anos, diz não saber o que provocou o ataque de esquizofrenia, mas garantiu que toma seus remédios em dia. Jantjie também garantiu que conhece a linguagem de sinais padrão usada na África do Sul. "Com certeza absoluta", disse. Sou campeão de linguagem de sinais."

O trabalho de Jantjie foi criticado ontem por associações de surdos-mudos sul-africanos. Para Wilma Newhoudt, surda-muda, deputada sul-africana e vice-presidente da federação, o caso foi "vergonhoso". Ela havia usado o Twitter durante a homenagem para pedir que retirassem Jantjie de lá. "Por favor, façam-no descer", escreveu. Em outro tweet, ela esbravejou: "Que vergonha esse homem que se chama intérprete no palco. O que ele está sinalizando? Ele sabe que surdos não podem vocalmente vaiá-lo".

Segundo Delphin Hlungwane, intérprete oficial da Federação de Surdos da África do Sul, o Jantjie não conhece a linguagem dos sinais que fingiu interpretar. "Ele gesticulava e apenas mexia as mãos para todos os lados, sem nenhuma gramática, sem utilizar nenhuma estrutura. Ele não conhecia nenhuma regra da língua", analisou. "Ele não traduziu nada, porque nenhum de seus gestos fazia nenhum sentido." 

AP e REUTERS




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