Na apresentação escrita pelo cientista social Miguel Chaia, adiantam-se ao leitor três desafios: compreender a polêmica figura de Hugo Chávez na Venezuela, situar a importância que Simón Bolívar desempenhou na história da criação do Estado Bolivariano e na formação de Chávez e, ainda, conhecer fatos fundamentais que movimentam a política latino-americana.
Para isso, Nabupolasar traz contribuições da área da Ciência Política, desconstruindo o governo em seus diferentes períodos e apontando para aspectos e condições que possibilitaram a aparição de um dos líderes políticos mais polêmicos do Ocidente no século XX.
Nesse sentido, o autor primeiro resgata o pensamento político clássico ao mesmo tempo em que recupera as propostas e estratégias de Simón Bolívar, centrando-se no debate marxista. Em seguida, ele contextualiza a montagem do Estado Bolivariano num cenário marcado por conflitos de grupos e interesses díspares, centrando-se no debate do personalismo autoritário de Chávez.
Processo
A pesquisa, iniciada em 2010, é resultado de duas viagens do autor à Venezuela, uma em 2011 e outra em 2013, nas quais foram feitas entrevistas com venezuelanos de todas as classes sociais; coleta de informações em arquivos e imprensa escrita, e análise cuidadosa de uma vasta bibliografia.
A base de leitura de Nabupolasar foi o “18 Brumário de Luís Bonaparte”, de Karl Marx, que o auxiliou na compreensão do bonapartimo, característica do modo de agir chavista, e a obra “O Estado, O Poder, O Socialismo”, de Nicos Poulantzas, que o ajudou a teorizar a respeito da substituição do bloco no poder como resultado das lutas entre as frações de classes.
Estrutura
O livro reflete sobre uma relação entre Bolívar e Chávez, políticos que ora se complementam, ora se opõem. “Bolívar era um liberal e Chávez queria associar a sua figura ao Socialismo, assim como também tentava relacionar o Cristianismo com este sistema político-econômico. Essas são algumas das contradições que ele procurava costurar, sendo hábil e assumindo diferentes posturas por conveniência”, destaca o autor.
O pesquisador destaca ainda dez características fundamentais para compreender o estado chavista, identificando-o como centralizador, controlador e polarizador, militarista, capitalista com ineficiência, anti-imperialista seletivo, populista e personalista, perseguidor, com desprezo pela Constituição e pelas leis, em busca de impor um partido único, e com ganhos sociais em declínio.
Nesse sentido, Nabupolasar aponta para uma das principais conclusões de seu trabalho: “Na Venezuela, não houve revolução, pois permaneceram os traços capitalistas da economia, e não ocorreu a tomada do estado pela casse trabalhadora, tendo existido apenas a mudança do bloco no poder, com predominância dos militares como classe hegemônica”.
Fonte: Diário do Centro Sul
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