Professor acopiarense lança livro sobre a influência bolivariana no Estado Chavista

Professor acopiarense lança livro sobre a influência bolivariana no Estado Chavista
Desde cedo, o acopiarense Nabupolasar Alves Feitosa se sentiu atraído pela dinâmica da política venezuelana. Militante de esquerda que é, resolveu imprimir em sua pesquisa de doutorado um objeto que lhe permitisse refletir sobre este tema e nele mergulhou. Hoje, o pesquisador, professor adjunto da Universidade Estadual do Ceará (Uece), lança o resultado de quatro anos de imersão no tema: o livro “A construção do estado chavista: a influência bolivariana”.

Na apresentação escrita pelo cientista social Miguel Chaia, adiantam-se ao leitor três desafios: compreender a polêmica figura de Hugo Chávez na Venezuela, situar a importância que Simón Bolívar desempenhou na história da criação do Estado Bolivariano e na formação de Chávez e, ainda, conhecer fatos fundamentais que movimentam a política latino-americana.

Para isso, Nabupolasar traz contribuições da área da Ciência Política, desconstruindo o governo em seus diferentes períodos e apontando para aspectos e condições que possibilitaram a aparição de um dos líderes políticos mais polêmicos do Ocidente no século XX.

Nesse sentido, o autor primeiro resgata o pensamento político clássico ao mesmo tempo em que recupera as propostas e estratégias de Simón Bolívar, centrando-se no debate marxista. Em seguida, ele contextualiza a montagem do Estado Bolivariano num cenário marcado por conflitos de grupos e interesses díspares, centrando-se no debate do personalismo autoritário de Chávez.

Processo

A pesquisa, iniciada em 2010, é resultado de duas viagens do autor à Venezuela, uma em 2011 e outra em 2013, nas quais foram feitas entrevistas com venezuelanos de todas as classes sociais; coleta de informações em arquivos e imprensa escrita, e análise cuidadosa de uma vasta bibliografia.

A base de leitura de Nabupolasar foi o “18 Brumário de Luís Bonaparte”, de Karl Marx, que o auxiliou na compreensão do bonapartimo, característica do modo de agir chavista, e a obra “O Estado, O Poder, O Socialismo”, de Nicos Poulantzas, que o ajudou a teorizar a respeito da substituição do bloco no poder como resultado das lutas entre as frações de classes.

Estrutura

O livro reflete sobre uma relação entre Bolívar e Chávez, políticos que ora se complementam, ora se opõem. “Bolívar era um liberal e Chávez queria associar a sua figura ao Socialismo, assim como também tentava relacionar o Cristianismo com este sistema político-econômico. Essas são algumas das contradições que ele procurava costurar, sendo hábil e assumindo diferentes posturas por conveniência”, destaca o autor.

O pesquisador destaca ainda dez características fundamentais para compreender o estado chavista, identificando-o como centralizador, controlador e polarizador, militarista, capitalista com ineficiência, anti-imperialista seletivo, populista e personalista, perseguidor, com desprezo pela Constituição e pelas leis, em busca de impor um partido único, e com ganhos sociais em declínio.

Nesse sentido, Nabupolasar aponta para uma das principais conclusões de seu trabalho: “Na Venezuela, não houve revolução, pois permaneceram os traços capitalistas da economia, e não ocorreu a tomada do estado pela casse trabalhadora, tendo existido apenas a mudança do bloco no poder, com predominância dos militares como classe hegemônica”.
Fonte: Diário do Centro Sul

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