Médicos
pelo mundo já utilizaram o Google Glass, óculos com câmera e conexão à
internet, para transmitir imagens de procedimentos cirúrgicos em tempo real.
Mas um cirurgião em Salto (101 km de São Paulo) testou o gadget de uma forma
diferente. Durante a cirurgia, revisou orientações técnicas e consultou um
médico especialista via chat, com ajuda dos comandos de voz dos óculos.
O
teste foi feito pelo cirurgião Miguel Pedroso, adepto a uma técnica de operação
por videolaparoscopia (quando uma câmera é inserida no corpo do paciente) de
colectomia direita – cirurgia de retirada de parte do intestino grosso em
pacientes com câncer. A operação ocorreu no último dia 28 de outubro no
Hospital São Camilo de Salto.
Segundo
ele, a técnica considerada minimamente invasiva consegue diminuir o risco de
complicações no pós-operatório em cerca de 50% dos casos, mas é aplicada em
menos de 10% das cirurgias no Brasil. Com o objetivo de disseminar esse tipo de
operação, desde 2009 ele ministra aulas em um curso privado no Instituto
Lubeck, instituição de ensino e pesquisa em laparoscopia.
Como foi o procedimento
Durante
o curso, o aluno recebe material didático que contém vários vídeos mostrando o
procedimento cirúrgico, passa por aulas presenciais e é acompanhado por um
médico preceptor (espécie de tutor) durante as primeiras cirurgias. "Vi no
Google Glass uma chance de democratizar essa técnica cirúrgica", disse
Pedroso.
"Na
tela dos óculos ele pode rever como é a dissecação de uma veia específica,
mostrar o procedimento ao preceptor e conversar com ele em tempo real, tudo sob
comando de voz", explica o cirurgião.
Com
o teste, Pedroso viu como um médico "aprendiz" poderia usar o Glass,
fornecido pela consultoria Onoffre. Pelo YouTube, acessou os vídeos do curso e
usou o Hangout, aplicativo de videochat, para contatar um médico à distância.
O
Glass poderá ajudar também em outros procedimentos laparoscópicos, segundo
Pedroso, como em cirurgias de câncer de fígado e estômago.
Aplicativos específicos
Com
o resultado positivo do teste, a intenção é desenvolver aplicativos específicos
que reproduzam as funções de vídeo (acessando especificamente a biblioteca de
mídia do curso) e de chat (tanto para enviar a imagem da cirurgia como para
mostrar as orientações do médico preceptor).
"Assim,
por comandos de voz, quem opera consegue ver o outro médico na telinha do Glass
passando uma instrução", detalha Ricardo Longo, diretor da consultoria
Onoffre, dona do acessório usado durante o teste. "Já o médico que está
longe vê o procedimento, podendo inclusive desenhar [virtualmente] em cima de
imagens [reais]."
O
custo do gadget – US$ 1.500 (R$ 3.501) – é considerado baixo em relação a
outros instrumentos cirúrgicos. "Um hospital pode futuramente investir na
compra do dispositivo, que depois pode ser usado por mais de um
profissional", considera Longo.
Por
enquanto, o Google Glass não está à venda – apenas desenvolvedores que se inscreveram no lançamento do projeto do
gadget puderam adquiri-lo. A expectativa é que os óculos cheguem ao
mercado mundial no início de 2014.
UOL
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