Aru fez seu gol, mas
o Gavião Kyikatejê acabou derrotado por 2 a 1. Foto: Filipe Faraon / Especial
para Terra
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O
primeiro time indígena do Brasil na divisão principal de um estadual estreou
com derrota na tarde deste domingo, em Belém. Os cerca de cem torcedores da
equipe Gavião Kyikatejê puderam comemorar o gol do artilheiro da tribo, Aru,
mas o Paysandu venceu por 2 a 1 na Curuzu. O time do
município de Bom Jesus do Tocantins, a cerca de 450 quilômetros da capital,
jogou mal. Sofreu um gol do atacante Lima aos 24min do primeiro tempo e quase
não chegou à área do Paysandu.
Com
o corpo tingido nas cores típicas da tribo Kyikatejê, Aru pouco tocou na bola o
jogo inteiro, mas na única chance do time na partida, o atacante indígena
cabeceou forte, o goleiro Mateus não segurou e a bola rolou mansa para o gol.
Foi
uma explosão de alegria para os cerca de 100 torcedores. Ainda mais que Aru foi
comemorar na grade, gritando para colegas, amigos e até parentes que o apoiavam
da arquibancada.
Parecia
que o empate estava garantido, quando o Paysandu insistiu no ponto fraco do
Gavião: a bola pelo alto. Aos 46min do segundo tempo, Zé Antônio cabeceou um
cruzamento de falta e deu a vitória para o Paysandu, atual campeão da
competição.
Ao
final, Aru lamentou a escassez de chances e o gramado encharcado. "Fizemos
a nossa parte, mas o campo não ajuda. O gol dediquei a essa nação sofrida que
veio para apoiar o time", disse.
O
atacante cumpriu a promessa de jogar com o corpo todo pintado nas cores da
tribo e entrou em campo vestindo um cocar. O time tem mais cinco atletas
indígenas; o outro titular, Watiway, também estava com o corpo tingido. Antes
da partida, os índios cantaram o Hino Nacional na língua Jê e apresentaram
danças típicas. Na arquibancada, muitos torcedores visitantes usavam trajes
típicos.
O
time de Gavião Kyikatejê começou como um projeto social para índios da tribo de
mesmo nome. Durante anos, uma equipe era formada para partidas amadores. Em
2009 foi criado o clube e, desde então, se tentava acesso à divisão principal
do Campeonato Paraense. A classificação veio só neste ano, no sufoco, com uma
vitória fora de casa.
Veja abaixo
vídeo de documentário
produzido pela produtora francesa Yemaya Productions mostrando a história do
primeiro (único, até agora) time indígena profissional do mundo.
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