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Parentes
de passageiros aguardam informações, em um hotel de Pequim
(AFP, Wang Zhao)
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Cinco
aviões realizavam buscas nesta sexta-feira ao sul do Oceano Índico, à procura
de objetos flutuantes detectados por imagens de satélite que poderiam ser
destroços do voo MH370 desaparecido, mas autoridades ressaltam a dificuldade da
operação naqueles mares austrais remotos.
Treze
dias após o desaparecimento dos Boeing 777 da Malaysia Airlines que fazia o
trajeto entre Kuala Lumpur e Pequim, as buscas concentram-se em uma vasta extensão
de água gelada de cerca de 23.000 km2, a 2.500 km ao sudoeste de Perth, a
principal cidade da costa oeste da Austrália.
Longe
da trajetória inicial do avião, que transportava 239 pessoas.
Na
quinta-feira, o governo da Malásia indicou que dois objetos de grande tamanho
foram detectados no domingo por satélites no Oceano Índico.
Descritas
como "informações sérias e consistentes" pelo primeiro-ministro
australiano, Tony Abbot, estes indícios são, "provavelmente, o que temos
de melhor no momento", de acordo com o chefe da Autoridade Australiana de
Segurança Marítima (AMSA), John Young.
Cinco
aeronaves da Austrália e dos Estados Unidos participam das buscas nesta
sexta-feira. Elas voam sob as nuvens para permitir que observadores a bordo
analisem a água com os olhos, através das janelas, segundo a AMSA.
"Ainda
não encontramos nada de concreto por enquanto", declarou o ministro malaio
dos Transportes, Hishammuddin Hussein, durante uma coletiva de imprensa.
"Este será um trabalho longo".
Local
isolado
A
área incluída nas buscas é muito distante da costa e cada aeronave só pode
realizar duas horas de observação antes de voltar para a terra.
Um
navio mercante norueguês chegou quinta-feira na zona. Um navio australiano, o
HMAS Success, poderoso o suficiente para rebocar enormes detritos, está a
caminho, mas não chegará ao local antes de vários dias.
A
China enviou sete navios para a região. A bordo do avião desaparecido haviam
153 chineses. Seu presidente, Xi Jinping, está "devastado" com o
caso, assegurou o primeiro-ministro australiano, que falou com ele ao telefone.
Após
vários alarmes falsos, as autoridades enfatizam a complexidade das operações e
recordam que os objetos que aparecem nas imagens de satélite podem não ser do
Boeing 777.
Além
disso, desde a sua detecção, esses objetos podem ter afundado. Para o ministro
da Defesa australiano, David Johnston, este é um "pesadelo
logístico". "Estamos em uma área entre as mais isoladas do mundo. Na
verdade, dificilmente há algums lugar mais isolado", disse à TV australiana.
E
este início não tem tranquilizados os ânimos, em meio à confusão,
recriminações, pistas falsas e rumores dos últimos dias.
O
voo MH370 desapareceu logo após a sua decolagem no sábado, dia 8 de março, às
00h41 (13h41 de sexta-feira no horário de Brasília).
O
avião fez um último contato com a torre de controle antes de mudar de direção e
desaparecer sem deixar rastro, em uma manobra supostamente deliberada.
Crise em
pleno voo
Estes
elementos colocaram os pilotos no centro das investigações, que até o momento
não resultaram em nada conclusivo sobre estes dois homens.
Os
antecedentes dos passageiros também foram analisados, mais uma vez, sem
resultado.
Três
cenários têm sido discutidos para tentar entender esse desaparecimento,
considerado um dos maiores mistérios da aeronáutica moderna: uma mudança de
direção, sabotagem por parte dos pilotos, uma crise de extrema gravidade em
pleno voo que deixou o tripulação incapaz de agir, enquanto o avião voava no
piloto automático durante oito horas, até a exaustão do seu combustível.
Para
os parentes das pessoas a bordo, se os objetos percebidos foram, de fato, os
destroços da aeronave, poderão abandonar toda a esperança de ver seus entes
queridos vivos.
Sarah
Bajc, cujo marido Philip Wood estava a bordo, quer acreditar em um sequestro.
"Mas, se esses destroços pertencerem ao avião, as minhas esperanças serão
reduzidas a zero", disse à CNN.
Familiares
dos passageiros chineses manifestaram nesta sexta-feira sua ira no primeiro
encontro em Pequim com representantes das autoridades malaias, acusadas de ter
perdido tempo na divulgação de informações.
A
reunião, em um hotel da capital chinesa perto do aeroporto, começou com um
ambiente tenso. Os familiares exigiram no início que os funcionários malaios
ficassem de pé para se apresentar.
"Queríamos
vê-los nas primeiras 24 ou 48 horas, o que teria aliviado nosso sofrimento
destes últimos 13 dias", disse o familiar de um passageiro desaparecido,
com a voz embargada pela emoção.
Além
disso, os funcionários e militares enviados de Kuala Lumpur foram vaiados
quando tomaram a palavra.
Muitos
familiares, nervosos e irritados, acreditam que desde o início as informações
foram ocultadas.
"O
avião deu meia-volta, mas vocês negaram, e por culpa disso perderam muito
tempo", disse uma das pessoas presentes na reunião.
Um
homem de 63 anos chorou. "Meu filho ainda está vivo, meu filho ainda está
vivo. Eu não acredito nas últimas informações".
Gregory WOOD
(AFP)
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