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Detentos fugiram da CPPL ao arrancar uma grade,
quebrar o pergolato de ventilação e escalar uma
cerca de mais de dois metros
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Na delegacia de Antônio Bezerra, os 11 presos
serraram
as barras das celas e de uma grade e fugiram
pulando o muro, que dá
acesso à rua
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Na
CPPL II, segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), 13 detentos
fugiram ao arrancar uma grade, quebrar o pergolato de ventilação e escalar uma
cerca de arames de dois metros de altura, utilizando a grade e um colchão como
instrumentos para escalar. Já na delegacia, os 11 presos serraram uma barra da
grade e fugiram pulando o muro, que também possui algo em torno de dois metros.
Nos dois casos, o baixo efetivo policial pode ter propiciado condições para as
fugas.
De
acordo com a Sejus, dez agentes penitenciários e quatro policiais militares
estavam de plantão na Casa de Privação na hora em que os internos fugiram. A
coordenadora do Sistema Penal do Estado do Ceará, Socorro Matias, admite a
carência de policiais no local no momento da fuga. "O número de policiais
é aquém do que a gente necessita, mas de um modo geral conseguimos conter uma
fuga em massa que poderia ser bem maior. No final das contas, com menos de seis
horas, recapturamos 11. Uma fuga é efetivamente uma coisa que não é o que
desejamos, mas temos trabalhado e conseguido minimizar", avaliou a
coordenadora.
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Réris Silva dos Santos, 21, é acusado de roubar e
matar
o padre Elvis, em julho de 2013
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Segundo
a coordenadora, outro problema também potencializa a possibilidade de fugas na
CPPL: a superlotação. "Estamos com a CPPL acima da capacidade. Ela foi
concebida para 950 e estamos com mil cento e poucos presos. Mas, dentro do que
o Judiciário permite. Uma portaria estabelece um percentual de 30% a mais da
capacidade. (A superlotação) facilita as ações. O confinamento em si alimenta
essa vontade de fugir, e aí, agregado ao número de presos, resulta nestas
ações", elencou.
O
comandante do Batalhão de Policiamento de Guarda de Presídios, major PM Elizio,
também se manifestou sobre o ocorrido. Segundo o oficial, a quantidade reduzida
de policiais que estava fazendo a segurança externa não foi a principal falha
que resultou na fuga dos detentos. No momento da ação, a iluminação era
desfavorável, alguns refletores estavam queimados, o alarme e parte das câmeras
de vigilância também não estavam funcionando. De acordo com o major, se estas
ferramentas estivessem em perfeito estado, a fuga poderia ter sido evitada ou
fugiriam menos presos.
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Raimundo Gledson Miranda Brito, 22, também está
foragido.
Ele responde por crime de roubo
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Com
relação ao aumento do quadro funcional da Polícia, o major contou que é uma
necessidade em todos os setores da Segurança Pública, não só nas
penitenciárias. E que, diariamente, uma média de 100 presos saem das unidades
prisionais para realizar exames e participar de audiências em fóruns.
"Sempre que um preso sai de uma unidade a Polícia tem que escoltar. Em
caso de internação hospitalar, para cada detento internado são destinados dois
PMs para a escolta 24h", afirmou.
O
presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores Públicos do Sistema
Penitenciário do Estado do Ceará (Sindasp-CE), Valdemiro Barbosa, também
criticou as condições da CPPL II e o baixo efetivo policial na segurança
externa. Barbosa alertou que, tendo em vista as condições apresentadas nas
unidades prisionais, outras fugas podem acontecer a qualquer momento.
"Alguma medida deve ser tomada rapidamente", salientou.
As
investigações sobre a fuga na CPPL já começaram. A coordenadora do Sistema
Penal aponta que, uma vez que a CPPL II abriga hoje prioritariamente réus
primários, quem for identificado como responsável pela fuga será transferido
para outra unidade prisional. Os recapturados serão enquadrados por dano ao
patrimônio público.
10º DP
A
reduzida presença de policiais também pode ter facilitado a fuga de 11 dos 17
homens mantidos encarcerados no xadrez da delegacia do bairro Antônio Bezerra.
Durante a madrugada de ontem, apenas dois policiais civis estavam de plantão. O
prédio, relativamente novo, deixa isolados os presos de um lado, e os
policiais, de outro.
O
xadrez fica praticamente de frente para a rua, o que teria facilitado a fuga,
de acordo com o inspetor Gustavo Simplício, presidente do Sindicato dos
Policiais Civis (Sindepol-CE). "Só havia dois policiais aqui. Não havia
como eles verem o que acontecia do outro lado. Esse prédio é novo, mas a
construção deixou os policiais de um lado e os presos do outro. Tem as câmeras,
mas não é suficiente e os presos desligaram quando saíram", disse.
No
entanto, a reportagem apurou que, de acordo com um relatório da Coordenadoria
Integrada de Operações de Segurança (Ciops), um morador ligou informando que os
presos estariam serrando as grades. Uma patrulha da PM teria ido ao local e os
policiais civis teriam dito que nada estava acontecendo.
Passados
cerca de 40 minutos, um novo chamado foi feito à Ciops, dessa vez para informar
que os presos estavam fugindo. Um inquérito policial e um procedimento
administrativo foram instaurados pela Polícia Civil para apurar as
circunstâncias da fuga.
Pela
manhã, os moradores da região demonstravam apreensão. "Moro aqui perto e
não suporto esse temor. E se um preso desses se esconder no quintal da gente?
Tenho medo, pois tenho criança. É de revoltar qualquer cidadão", disse uma
moradora. (Colaborou Sara Sousa)
Levi de freitas
Repórter
Levi de freitas
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