![]() |
Em nota, há duas semanas, a presidente Dilma disse que a decisão foi tomada com base num 'resumo executivo' com 'informações incompletas' e técnica e juridicamente falho |
Documento
a que o Jornal Nacional teve acesso mostra que mesmo antes de ter sido obrigada
pela justiça americana a comprar toda a refinaria de Pasadena, no Texas, a Petrobras já tinha feito uma
proposta bilionária à ex-sócia Astra Oil.
Os
detalhes da negociação entre as empresas estão no depoimento de um diretor da
Astra Oil à justiça americana, em 2009, depois que as duas empresas se
desentenderam.
Alberto
Feilhaber, que já foi funcionário da Petrobras, afirmou que a empresa
brasileira chegou a propor mais de um R$ 1 bilhão para ter o controle total da
refinaria antes mesmo de a justiça americana estabelecer o valor final do
negócio.
Feilhaber
foi funcionário da Petrobras até 1995, quando foi contratado pela Astra como
alto executivo. Em fevereiro de 2005, ele mandou uma carta para Nestor Cerveró,
então diretor da área internacional da Petrobras, oferecendo parceria em
Pasadena. Cinco meses depois, a Petrobras fez a primeira oferta de compra: US$
332,5 milhões por 70% da refinaria. Não houve acordo.
![]() |
Imagem reprodução Rede Globo |
Em
dezembro de 2005, a Petrobras faz uma segunda proposta: US$ 360 milhões, mas
por apenas metade da refinaria, o que fez a oferta original subir 50%. A Astra
Oil aceitou.
Em
fevereiro de 2006, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a compra da
refinaria de Pasadena. Depois que as duas empresas passaram a discordar sobre
investimentos, a Astra Oil usou cláusulas do contrato para forçar a Petrobras a
comprar a outra metade da refinaria. A disputa foi parar na Justiça americana.
Mas
antes disso, segundo o depoimento de Feilhaber, a Petrobras fez ofertas altas
para ficar como a única dona. Ele contou à justiça americana que Cerveró
indicou, durante uma reunião em novembro de 2007, que estava autorizado a
oferecer até US$ 700 milhões pela outra metade da refinaria.
A
proposta foi oficializada num memorando enviado pela Petrobras no dia 4 de
dezembro. No dia seguinte, a Astra emitiu um documento aceitando a oferta. Com
isso, antes mesmo de a justiça americana decidir que a Petrobras deveria comprar
o restante da refinaria, a companhia brasileira já tinha aceitado pagar mais de
US$ 1 bilhão.
Só
que o Conselho de Administração da Petrobras vetou a compra. No fim do processo
judicial, em 2012, a empresa brasileira acabou gastando cerca de R$ 1,3 bilhão
por uma refinaria que valia, em 2005, US$ 42,5 milhões.
Procurada
pela reportagem, a Petrobras não comentou o depoimento de Feilhaber. A empresa
informou que uma comissão interna está investigando os detalhes do processo de
compra da refinaria.
O
advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, também não quis comentar as negociações
para a venda da refinaria. Mas disse que Cerveró vai explicar pessoalmente o
caso - em momento oportuno.
A
compra da refinaria vem criando mal-estar no governo e dentro da Petrobras. O
negócio levantou suspeitas de superfaturamento e evasão de divisas na
negociação – mas ganhou ainda mais repercussão porque, na época, quem presidia
o Conselho de Administração da estatal, que deu aval à operação, era a atual
presidente da República, Dilma Rousseff.
No
mês passado, Dilma declarou, em nota, que apoiou a compra com base em um resumo
técnico que trazia "informações incompletas" e "omitia qualquer
referência às cláusulas, que se fossem conhecidas, seguramente não seriam
aprovadas pelo conselho de administração da Petrobras".
O
negócio é alvo de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU), da Polícia
Federal e do Ministério Público, e parlamentares duelam no Congresso Nacional
pela instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar
a estatal.
Ao se identificar seu comentário terá mais relevância.
EmoticonEmoticon