Governo Federal muda estratégia contra CPI da Petrobras

Governo Federal muda estratégia contra CPI da Petrobras

Cinco dias após anunciar que pretendia ampliar o foco da CPI da Petrobras para desgastar a oposição, o governo foi obrigado a recuar dessa estratégia. Agora, a tática do Palácio do Planalto consiste em jogar todas as fichas na criação de uma segunda CPI, mista, formada por deputados e senadores, para investigar a formação de cartel no metrô de São Paulo - plano que atinge o PSDB - e usar de manobras regimentais para retardar os trabalhos da comissão da Petrobras.

Se o PMDB se rebelar e criar mais dificuldades para o governo no Congresso, a Secretaria dos Portos, atualmente ocupada pelo técnico Antônio Henrique Silveira, pode entrar na negociação para apaziguar o aliado. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), garantiu que lerá hoje o requerimento para a instalação da CPI da Petrobras, que deve apurar, entre outras coisas, a polêmica compra da refinaria de Pasadena (EUA), por parte da estatal.

O Planalto dá essa CPI como “favas contadas” desde a semana passada, mas apenas ministros se encontraram com líderes da base aliada no Senado para discutir o assunto. A ideia de incluir em uma mesma CPI, no caso a da Petrobras, a investigação de denúncias do cartel dos trens e de irregularidades envolvendo o Porto de Suape, em Pernambuco, foi considerada “uma estupidez” até por integrantes do PT.
Embora o plano do governo continue sendo o de embaralhar o jogo dos adversários e atingir os dois desafiantes da presidenta Dilma Rousseff na eleição - o senador Aécio Neves, do PSDB, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB)-, ministros foram informados de que o Planalto não teria apoio necessário para o que já se chama nos bastidores de “CPI Combo”. A estratégia, então, é investir na criação de uma segunda CPI, desta vez para investigar somente as denúncias atingindo tucanos, e usar os holofotes dessa comissão para esvaziar a outra, a da Petrobrás.

Reunião
O “corpo mole” na CPI da Petrobras foi acertado hoje em reunião no Planalto. Os governistas planejam usar o máximo do tempo possível até mesmo para indicar os integrantes da comissão, que deve ser presidida pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) ou por seu colega João Alberto (PMDB-MA). Enquanto isso, em sintonia com o Planalto, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) contabiliza 150 assinaturas para a criação da comissão que pretende vasculhar eventuais falcatruas em licitações de trens e Metrô em São Paulo durante administrações do PSDB. Para criar uma CPI mista, formada por deputados e senadores, são necessárias 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado.

“Até quarta-feira acabamos de coletar as assinaturas na Câmara e aí encaminharemos para o Senado. O nosso foco é investigar a formação de cartel e corrupção no Metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM)”, disse Teixeira. Três senadores da base aliada traíram o governo e estão apoiando o pedido de criação da CPI da Petrobras.

O novo ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, que assume hoje a articulação política do governo, e o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, ainda tentam fazer com que eles recuem, mas admitem que a tarefa é quase impossível. “Não retiro minha assinatura nem mesmo se a presidenta Dilma pedir. Vou ser candidato a governador de Minas”, afirmou Clésio Andrade (PMDB-MG), que não conta com o aval do PT no Estado. “Eu mesmo já disse à presidente: ‘Comigo você vai ouvir muitos sim, mas também tenha certeza de que ouvirá muitos nãos”, emendou Eduardo Amorim (PSC-SE). “Nem adianta me procurarem. Apoio a CPI”, insistiu Sérgio Petecão (PSD-AC).

Fonte: Tribuna do Norte

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