A cúpula do PT discorda dessa avaliação, mas “pisa em ovos” na relação com a presidente. Reunidos na última terça-feira em Brasília, dirigentes da Executiva Nacional do partido ouviram a apresentação de uma especialista em pesquisas sobre o cenário eleitoral e saíram de lá com a convicção de que Dilma deve colar cada vez mais sua imagem à de Lula.
Na série histórica de pesquisas, um dado comparativo entre os “avalistas” dos candidatos chamou a atenção. De todos os cabos eleitorais analisados, Lula tem o maior poder de transferência de votos, de acordo com os levantamentos que chegaram ao comitê da reeleição.
O problema é que Dilma, embora com dois atos de campanha previstos com o ex-presidente nesta semana, quer mais independência em relação ao “criador” e tenta “vender” uma marca própria.
Em conversas reservadas, dirigentes do partido dizem que Dilma tem receio de ser ofuscada e, por isso, a participação de Lula está sendo “dosada” pelo comitê da reeleição. O ex-presidente, porém, faz o que quer.
Ruas
As divergências não são apenas na forma, mas no conteúdo da campanha. Se dependesse de Lula, Dilma estaria nas ruas há muito tempo, principalmente em São Paulo e Minas, os dois maiores colégios eleitorais, onde ela enfrenta a disputa mais acirrada com o PSDB. No Nordeste, Lula acredita que resolve sozinho a parada. A presidente, no entanto, sempre preferiu apostar na propaganda eleitoral de TV, a partir de 19 de agosto, para melhorar o seu desempenho. Dilma só começou a beijar criancinhas na segunda-feira, quando o Jornal Nacional, da TV Globo, inaugurou a cobertura diária dos candidatos.
Naquele dia, ela visitou uma Unidade Básica de Saúde, em Guarulhos, para promover o programa Mais Médicos. Mas não avisou o candidato do PT em São Paulo, Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde que sonha em aparecer ao seu lado para aumentar seus índices de intenção de voto nas pesquisas. O desencontro irritou Lula, que se queixa por não estar sendo ouvido como gostaria sobre a condução da campanha.
Um sintoma do descontentamento de Lula é a sua ausência nas reuniões da coordenação de campanha com Dilma, como ocorreu na segunda-feira, no Palácio da Alvorada.
AE
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