Dilma faz ataques a Marina: "não tenho banqueiro me sustentando"

Dilma faz ataques a Marina: "não tenho banqueiro me sustentando"

Confrontada com a declaração, Dilma disse que não é sustentada e nem apoiada por banqueiros

Um vídeo de 30 segundos exibido pela campanha de Dilma Rousseff (PT), que diz que a autonomia do Banco Central proposta por Marina Silva (PSB) entregaria aos banqueiros o poder político do País, provocou uma troca de acusações entre as candidatas à Presidência. Marina, em resposta, afirmou que o governo petista criou a “bolsa empresários”, a “bolsa banqueiros” e a “bolsa juros altos”.

Confrontada com a declaração, Dilma disse que não é sustentada e nem apoiada por banqueiros, numa referência à socióloga Neca Setubal, herdeira do banco Itaú e integrante da coordenação da campanha da candidata do PSB.

A inserção exibida no domingo à noite (7) pela campanha petista afirma que a independência, de forma institucional, do Banco Central - proposta que consta do programa de governo de Marina - vai entregar “um poder que é do presidente e do Congresso, eleitos pelo povo”, aos banqueiros.

A peça mostra de banqueiros sorridentes reunidos ao redor de uma mesa e relaciona a cena a imagens de uma família jantando, enquanto os alimentos e até os pratos e talheres começam a desaparecer. “Marina tem dito que, se eleita, vai fazer a autonomia do Banco Central, parece algo distante da vida da gente né? Parece, mas não é”, narra o locutor.

“Isso significaria entregar ao banqueiros um grande poder de decisão sobre sua vida e de sua família, os juros que você paga, seu emprego, preços e até salários.”

Bolsas

Marina cumpria agenda em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, quando foi questionada sobre a propaganda petista. Ela lembrou que Dilma prometeu baixar os juros e não cumpriu. “Nunca os banqueiros ganharam tanto como em seu governo. Agora, eles, que fizeram a bolsa empresário, a bolsa banqueiro, a bolsa juros altos, estão querendo nos acusar de forma injusta em seus programas eleitorais”, afirmou.

O assunto dominou a agenda seguinte da ex-ministra, na capital mineira. “No governo Fernando Henrique Cardoso os bancos tiveram um lucro, em valores atualizados, de R$ 31 bilhões. No governo Lula, esse lucro foi de R$ 199,46 bilhões.”

Para reforçar a crítica, a candidata do PSB citou declaração de Lula em resposta a um informe interno do banco Santander que relacionava o crescimento de Dilma nas pesquisas de intenção de voto à piora da economia brasileira. Na ocasião, o ex-presidente afirmou que “não há lugar no mundo em que o Santander esteja ganhando mais do que no Brasil”.

Segundo Marina, a autonomia do Banco Central “sempre existiu”, mas agora “está corroída pela contabilidade criativa” do governo. Ela afirmou que é necessário retomar a independência do BC” para que ele esteja a serviço dos brasileiros e não a serviço de um grupo, um partido”.

“É fundamental para que se controle a inflação, para que se tenha a credibilidade para o País voltar a crescer. O Banco Central autônomo é para ter autonomia dos grupos que acabaram com a Petrobras”, destacou.

Sustentando

Em São Paulo, pouco antes de participar de uma discussão sobre serviços de banda larga, Dilma estendeu o bate-boca público e respondeu a ex-ministra. “Não adianta querer falar que eu fiz bolsa banqueiro. Eu não tenho banqueiro me apoiando. Eu não tenho banqueiro, você entende, me sustentando”, disse a presidente, na referência a Neca Setubal.

No último domingo, o jornal Folha de S.Paulo, revelou que Neca doou cerca de R$ 1 milhão em 2013 ao instituto fundado por Marina para desenvolver projetos de sustentabilidade, bancando 83% dos custos da entidade no ano passado.

Os recursos dela praticamente custearam todo o funcionamento do Instituto Marina Silva, que recebeu apenas duas doações em 2013. Na entrevista, a presidente, que concorre à reeleição, repetiu a linha de críticas da inserção do PT, afirmando que a autonomia do Banco Central representa que a instituição vai definir de forma direta a política econômica.

“Representa uma coisa muito simples (a autonomia). Vão definir a taxa de juros, as condições de política de crédito, serão definidas automaticamente sem prestar contas ao Executivo e nem sequer ao Legislativo”, disse.

Representação

A equipe jurídica de Marina protocolou anteontem um pedido de resposta no Tribunal Superior Eleitoral contra a campanha de Dilma, assim como fez em relação à propaganda em que a petista diz que Marina seria contra a exploração de petróleo da camada pré-sal. Também estuda se seria possível processar a presidente por calúnia, já que ela estaria dizendo “inverdades” sobre a relação entre Marina e a socióloga Neca Setubal.

Durante a coletiva na capital paulista, Dilma também negou que haja instabilidade na política econômica de seu governo. Segundo ela, o Brasil “tem todas as condições” para se desenvolver “e não é instável macroeconomicamente”.

“Nós temos o que em matéria de divida externa? 11% da nossa dívida externa é com credores externos. É muito fácil dizer ‘vou reduzir as reservas’ e a cada vez que tiver crise vamos para o Fundo Monetário (FMI)”, afirmou.

A presidente lembrou que faz 12 anos que o Brasil não aparece como credor para o FMI e disse que tem “certeza de que seu segundo mandato terá condições conjunturais diferentes. “Tenho certeza que o segundo mandato, se por ventura for eleita, terá condições conjunturais completamente diversas porque espero que a economia internacional se recupere”, afirmou a petista.

Segundo Dilma, o Brasil criou condições “para a retomada do crescimento” ao investir e políticas como o Pronatec e também em ampliar investimentos em rodovias, portos e ferrovias.

(Colaboraram Marcelo Portela, Mateus Coutinho e Suzana Iniesta)

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