Belga condenado a prisão perpétua quer morrer, mas médicos não deixam

Belga condenado a prisão perpétua quer morrer, mas médicos não deixam

Um belga condenado à prisão perpétua por estupro e homicídio não foi autorizado a colocar fim à própria vida. A decisão foi anunciada pelo Ministério da Justiça da Bélgica nesta terça-feira, menos de uma semana antes da data prevista para que ele recebesse uma injeção letal.

Frank Van Den Bleeken, de 52 anos, pediu várias vezes para se beneficiar de uma lei que autoriza a eutanásia em pacientes com quadros irreversíveis. A autorização veio em setembro e, na semana passada, o ministério informou que ele seria submetido à eutanásia no próximo domingo, no presídio de Bruges.

O recuo foi anunciado nesta terça, depois que os médicos responsáveis pelo tratamento do prisioneiro decidiram interromper o procedimento. A justificativa para a decisão médica não foi divulgada. O especialista que deveria aplicar a injeção letal retirou-se do caso, informou a rede britânica BBC.

O condenado deverá ser transferido para um novo centro psiquiátrico em Gent onde será observado para que um novo tratamento seja desenvolvido para atendê-lo. Posteriormente, ele poderá ser encaminhado a um centro na Holanda especializado em tratar prisioneiros que cumprem sentenças longas.

Van Den Bleeken está preso há quase 30 anos. Condenado por múltiplos crimes, o assassino serial afirma que prefere morrer a passar o resto da vida na prisão. “Eu fico em minha cela 24 horas por dia. Essa é minha vida. Eu não me sinto humano aqui. O que eu tenho que fazer? Devo sentar aqui e definhar? Qual o sentido disso?”, disse em uma entrevista em 2013, segundo a BBC.

Ele reclama da falta de uma terapia específica para sua condição de pessoa incapaz de controlar impulsos sexuais violentos. Reconhece ser uma ameaça à sociedade e quer recorrer à eutanásia para acabar com anos de sofrimento psicológico “insuportável”, como alega sua defesa.

A Bélgica é um dos três países europeus que autorizam eutanásia para pessoas com doenças terminais – assim como os demais países da União Europeia, a Bélgica não tem pena de morte. O caso de Van den Bleeken, no entanto, é o primeiro envolvendo um prisioneiro desde que a lei entrou em vigor, 12 anos atrás. Ele ainda poderá voltar a solicitar autorização para morrer. (Com agências Reuters e EFE)

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