O soldado precisou ficar “internado” três dias no corredor da unidade, por falta de leitos para fazer a cirurgia. Depois desse período, Alves foi transferido para o Frotinha de Messejana, onde recebeu atendimento médico e teve sua perna engessada.
Infelizmente, ficar “internado” nos corredores dos hospitais é um fato que está acontecendo com frequência em Fortaleza. De acordo com o relatório divulgado pelo Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec) e a Associação Médica Cearense (AMC), nesta quinta-feira (7), 378 pessoas estão na mesma situação. Destes pacientes, 114 estão no IJF, 60 no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), 45 no Hospital de Messejana, 40 no Hospital Infantil Albert Sabin e 5 no Hospital São José e 114 internados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza aguardando transferência para unidades hospitalares.
A campanha "Corredômetro", criada pelo Simcec, tenta divulgar, diariamente, o número de pacientes “internados” em corredores de hospitais de emergência de Fortaleza. Para chegar ao número, uma ronda é feita todos os dias nas unidades.
Segundo a médica e presidente do Simec, Mayra Pinheiro, além dos pacientes ficarem nos corredores, outro fator bastante grave é a quantidade de pessoas que estão internadas nas UPAs, equipamentos que nunca deveriam ser utilizados para esta função. "Hoje, 114 pessoas estão internadas nas UPAs em Fortaleza e 10 pessoas estão entubadas nessas unidades. Isso é um absurdo porque UPA é atendimento rápido e não pode ter esses pacientes internados. A saúde no Estado está um caos e muito precisa ser feito para que melhore. A população merece um atendimento digno", disse Mayra.
Emocionado durante entrevista exclusiva para o CNews, Alves diz que não esquecerá jamais a experiência vivida enquanto aguardava um leito. “Ali é um matadouro". As pessoas morrem nos corredores enquanto esperam uma consulta. Os funcionários são maravilhosos, atendem a gente bem do jeito que podem. Mas é um absurdo precisarmos passar por isto. [O IJF] não tem estrutura e não tem condição de atender a quantidade de gente que chega", reclama. Atualmente, o soldado está com a perna engessada e aguarda uma ambulância do Frotinha para realizar novos exames.
Excesso de demanda
Em nota, a Superintendência do Instituto Dr. José Frota (IJF) informou que os pacientes em macas nos corredores do hospital é decorrente do excesso de demanda. O IJF informa ainda que diariamente estão sendo tomadas medidas internas com o intuito de amenizar esse quadro, como qualificação da linha de cuidado e otimização de leitos internos e leitos de retaguarda. Além de medidas externas como interlocução com a rede de assistência secundária ao trauma, no intuito de qualificar a rede e otimizar o perfil assistencial dos pacientes que procuram o IJF.
Assim como Pedro Alves, 70% dos leitos do IJF são ocupados por motociclistas que sofreram acidente de trânsito.
Até o fechamento desta matéria, a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa) não se pronunciou.*Por CNEWS
Confira o depoimento de Pedro Alves:
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