Na véspera do Dia das Mães, um casal recebeu a pior notícia. O filho é um dos quatro mortos do tiroteio entre traficantes rivais, que assustou os moradores do bairro do Catumbi, zona central do Rio.
O pai reconheceu que o jovem era traficante. “Igual a muitos jovens. Tive que passar por isso”, lamenta.
“A gente não espera isso”, diz a mãe.
O tiroteio começou às 20h30 de sexta-feira (8). Bandidos do Morro do Fallet tentaram invadir o Morro da Coroa. Os dois são vizinhos e têm Unidades de Polícia Pacificadora.
Durante a noite e a madrugada, moradores de quatro comunidades ouviram o som dos tiros. Alguns divulgaram vídeos. Em um deles, segundo moradores, bandidos circulam pela comunidade.
O confronto deixou marcas nas paredes, no posto de combustíveis, no vidro dos carros.
Os traficantes invasores já chegaram atirando. Vários carros foram atingidos. E um grupo de jovens que jogava bola numa quadra perto tentou se proteger do tiroteio entre dois carros que estavam parados, mas não conseguiu. Uma das balas atingiu um menino. As manchas de sangue mostram isso.
O dono do carro estacionou minutos antes do tiroteio começar. “Eu fui pra casa da sogra e quando eu vi já... E mais umas 20 pessoas que a gente colocou aí. Coloquei tudo aí dentro. Ficou até meia noite aí, todo mundo deitado”, lembra o comerciário José Rodrigues.
Outros dois menores, um adulto e uma jovem grávida também foram baleados. Três permanecem internados. A grávida está com a bala alojada no pulmão. Nem ela nem o bebê correm risco de vida.
“Acabou meu Dia das Mães. Pra mim, enquanto eu não vir ela sair daí, saber como está o estado dela, se está tudo bem com ela e com o neném, a gente fica impotente, sem poder fazer nada”, comenta Ana Paula Prazeres, mãe da grávida baleada.
Durante a troca de tiros, policiais das UPPs saíram das comunidades, tentaram cercar os traficantes e acionaram o comando de operações especiais. Mas ninguém foi preso, e os invasores conseguiram fugir.
A Divisão de Homicídios investiga as quatro mortes que ocorreram durante o tiroteio, um número superior a todos os homicídios registrados na região desde 2011, quando as UPPs foram instaladas. Nestes quatro anos, só três assassinatos tinham sido registrados nos morros da Coroa, Falet e Fogueteiro.
Neste sábado (9), as polícias Civil e Militar reforçaram o patrulhamento. E apreenderam drogas e cadernos com a contabilidade de traficantes.*G1
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