Acusados de matar advogado são absolvidos


O Conselho de Sentença acatou a defesa da Defensoria Pública e absolveu os dois homens pelo crime


O advogado Evaneudo Soares Martins foi encontrado morto em sua casa no dia 12 de agosto de 2013. A vítima apresentava perfurações a faca e a bala no corpo. A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa investigou o caso.
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Os bombeiros hidráulicos Cleiton Silva de Sousa e Antônio Silvano Alves foram presos em 2014 e apresentados como os autores da morte. Para os investigadores, o caso estava solucionado, mas a dupla foi absolvida ( Fotos: Agência Diário )

Os acusados de matar o advogado Evaneudo Soares Martins no bairro Antônio Bezerra, em 2013, os bombeiros hidráulicos Cleiton Silva de Sousa e Antônio Silvano Alves foram absolvidos pelo Conselho de Sentença da 1ª Vara do Júri de Fortaleza, que começou às 15h da última segunda-feira (21) e terminou apenas na madrugada de ontem. A dupla estava presa desde fevereiro de 2014.

O Ministério Público do Ceará (MPCE), responsável pela acusação, afirmou que o fim de um relacionamento amoroso entre Evaneudo e Cleiton, com regalias financeiras para o bombeiro hidráulico, teria provocado o assassinato do advogado, com o auxílio de Antônio Silvano.

De acordo com a denúncia do MPCE, no dia 12 de agosto de 2013, por volta das 18h, Cleiton foi à casa de Evaneudo e, em seis minutos, matou o advogado com facadas e um tiro e furtou objetos de valor da residência. Na saída, um veículo que seria de Silvano esperava o suspeito. Minutos depois, duas mulheres foram ao local do crime e encontraram o advogado morto.

Cleiton conhecia e realizava trabalhos para a vítima há muitos anos e trabalhava próximo da casa da vítima, na Rua Anário Braga. A defesa dos réus, constituída pela Defensoria Pública Geral do Estado do Ceará, negou o relacionamento amoroso e alegou negativa de autoria dos réus, apresentando o álibi de que eles estavam trabalhando em outro local, no momento do homicídio. "Existem documentos, laudo periciais feitos pela Polícia Civil e pela Pefoce (Perícia Forense do Ceará) que atestam que a hora da morte não foi a hora alegada pela acusação. O óbito aconteceu entre 21h e 22h, e a acusação afirma que foi entre 18h20 18h30", apontou a defensora pública Liana Lisboa Correia como a principal causa para conquistar a absolvição.

Ainda conforme a defensora, "era impossível que o réu (Cleiton) tenha adentrado na residência, esfaqueado e atirado na vitima, furtado objetos do quarto dela e arrastado o corpo, sem que tivesse uma gota de sangue na roupa dele (réu). E de acordo com a perícia, houve luta corporal, o que deixaria manchas de sangue na pessoa que fez isso".

Liana Lisboa Correia acrescentou que os réus podem entrar com indenização na Justiça por 'negligência judiciária', devido à demora do julgamento e o tempo que passaram presos por causa disso, que foi de dois anos e nove meses, mas eles e as famílias ainda não a procuraram.

A sobrinha de Evaneudo, Rylla Martins, desconhecia o relacionamento amoroso entre o tio e o acusado. Para ela, a tese do Ministério Público foi bem elaborada, mas o inquérito policial continha falhas, que foram aproveitadas pela defesa.

Segundo Rylla, a família do advogado morto continua acreditando na culpa dos acusados e está triste com a decisão do júri. "O sentimento, infelizmente, é de que escaparam da justiça do homem, mas da justiça de Deus não vão. O mais importante foi a vida dele, que não volta mais. Espero que agora Deus conforte os nossos corações", contou a sobrinha da vítima.

Novo inquérito

O Ministério Público, através do promotor Marcus Renan Palácio, revelou que irá solicitar a abertura de um novo inquérito para a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), com o objetivo de "esclarecer circunstâncias que na época não foram de todas completadas".

Marcus Renan disse que testemunhas cruciais, como a mulher que encontrou o corpo de Evaneudo Soares Martins e pessoas que estavam na companhia dos acusados Cleiton Silva de Sousa e Antônio Silvano Alves, não foram ouvidas na investigação policial.
As novas oitivas e provas que apareçam a partir de agora podem apontar para outro suspeito. "Esse crime foi cometido por alguém e não pode passar impune", afirmou.

Quanto a recorrer da decisão do júri popular tomada ontem, o promotor afirmou que está "estudando o caso".
Messias Borges - Repórter
DN

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