As Lojas Americanas vai ter que fiscalizar
seus fornecedores para coibir a ocorrência de trabalho análogo à escravidão em
sua cadeia produtiva e pagar uma multa de R$ 250 mil. A decisão faz parte do
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) divulgado nesta quarta-feira, 02, pelo
Ministério Público do Trabalho (MPT), após a descoberta de cinco bolivianos
flagrados em condições precárias em uma oficina de costura, em Americana (SP),
em janeiro deste ano.
Segundo a nota divulgada pelo MPT, o TAC
indica que a Lojas Americanas terá que "verificar se a empresa contratada
é constituída como pessoa jurídica e se os seus empregados estão devidamente
registrados em carteira de trabalho, mediante vistorias e solicitação de
documentos". O procedimento deve ser adotado antes da empresa efetuar os
pedidos de compra.
Fornecedores que estiveram em situação
trabalhista irregular não poderão ser contratados. A rede varejista deve
elaborar contratos em que constem advertência e pena de descredenciamento e
devolução de peças a esses vendedores.
Os atuais fornecedores também estão sujeitos
às exigências do MPT. "A Lojas Americanas tem o prazo de dois meses para
identificar os fornecedores que não atendam às exigências do MPT e
descredenciá-los, assim como efetuar o cancelamento dos pedidos já
realizados", informa a nota.
Para lembrar
De acordo com fiscais do Ministério do
Trabalho e Emprego e procuradores do MPT, os trabalhadores bolivianos
costuravam peças de vestuário infantil diretamente para a empresa HippyChick
Moda Infantil Ltda., de Americana. A única cliente da empresa seria a rede
varejista.
A oficina foi montada de forma clandestina
nos fundos do quintal de uma casa em área residencial, na periferia da cidade.
O dono, originário da Bolívia, mantinha parentes trabalhando em um barracão
improvisado, com condições consideradas insalubres. A pequena fábrica têxtil
recebia R$ 2,80 por peça feita para a HippyChick.
Além de não terem carteira de trabalho e
serem submetidos à carga excessiva, os trabalhadores ficavam em espaço com
calor intenso, sem ventilação, apertados entre pilhas de tecido, com ligações
irregulares elétricas e sem extintores. No dia da fiscalização, os cinco
bolivianos estavam com quatro crianças na oficina.
Na época a Lojas Americanas informou por meio
de nota à imprensa, que repudia qualquer tipo de trabalho realizado em
condições degradantes, e que desconhecia o problema encontrado na oficina no
interior paulista.
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