Os
advogados das vítimas da epidemia de cólera que provocou mais de 8.300 mortos
no Haiti desde outubro de 2010 apresentaram hoje (9) uma queixa contra a
Organização das Nações Unidas (ONU) em um tribunal de Nova Iorque. “Vamos
apresentar uma queixa contra a ONU no caso sobre a cólera!”, publicou na sua
conta Twitter o Instituto para a Justiça e a Democracia no Haiti (IJDH).
“Sentimos
que vamos ganhar”, disse a advogada Ira Kurzban em conferência de imprensa. “O
Haiti tem hoje a pior epidemia de cólera do mundo. A cólera foi levada para o
Haiti pelas tropas das Nações Unidas”. O IJDH, sediado nos Estados Unidos, diz
que está agindo em nome das cerca de 8 mil vítimas e das suas famílias.
No
total, mais de 650 mil pessoas foram infectadas em três anos pelo surto de
cólera no Haiti desde outubro de 2010. Em maio passado, a mesma organização
forneceu um prazo de 60 dias às Nações Unidas para a obtenção de um acordo de
indenização e ameaçou desencadear um processo judicial no final desse prazo.
Em
meados de fevereiro, a ONU recusou o pedido de indenização argumentando que a
requisição “não se enquadra no âmbito da Secção 29 da Convenção sobre os
Privilégios e Imunidades das Nações Unidas” de 1946.
Um
estudo publicado em junho de 2011 pelos Centros Americanos de Controlo e
Prevenção de Doenças (CDC) concluiu que a cólera foi introduzida no Haiti pelos
“capacetes azuis” (nome pelo qual são conhecidas as tropas multinacionais que
servem nas Forças de Paz da ONU) nepaleses. A origem do surto foi detectada em
um rio perto de uma base dos “capacetes azuis” da ONU na cidade de Mirebalais
(centro), onde estiveram estacionadas as tropas nepalesas. A ONU nunca
reconheceu a responsabilidade pela epidemia, ao considerar impossível
determinar formalmente a origem da doença.
Os
dados da IJDH informam que a epidemia de cólera continua a matar cerca de 1 mil
haitianos por ano. Os advogados pedem uma indenização de US$ 100 mil (R$
220.480) para a família de cada vítima morta e US$ 49.994,40 (R$110.226,70)
para cada sobrevivente.
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