Em
ano de desaceleração da economia, os bancos já decidiram: não haverá aumento
acima da inflação para os bancários, que entram hoje no nono dia de greve.
Se
não cederem de fato, será a primeira vez desde 2003 que a categoria, uma das mais
fortes nas negociações salariais, receberá só a reposição da inflação (6,1%).
As
negociações dos bancários servem de modelo para os acordos salariais de todo o
setor de serviços, segmento de maior pressão para inflação.
Nos
últimos nove anos, a categoria teve 22,2% de aumento real, de acordo com a
Contraf-CUT (confederação nacional dos bancários).
"Ninguém
está falando em cortar benefícios e conceder zero de reajuste, o que seria um
mau acordo. Ao repor o poder de compra, os bancários continuarão com os melhores
salários do mercado, os melhores benefícios e a participação de lucros [PLR]
garantida em convenção coletiva", diz Magnus Apostólico, diretor de
relações trabalhistas da Fenaban (federação dos bancos).
O
salário médio dos bancários é hoje de R$ 4.740, sendo que o piso salarial é de
R$ 1.519. A PLR paga aos caixas de bancos, segundo o diretor, varia entre 3,5 e
4 salários adicionais.
"Isso
corresponde a quase 30% a mais no salário, se dividirmos o valor da PLR por
mês", diz o diretor.
Ainda
segundo os bancos, a inflação pelo INPC acumulada nos últimos sete anos foi de
42%, enquanto a correção no piso do setor foi de 80%, e a dos salários, 60%.
"A
proposta de conceder só a reposição da inflação é indecente. A greve continuará
até que haja proposta melhor", diz Juvândia Moreira, presidente do
Sindicato dos Bancários de São Paulo e Região (CUT) e uma das coordenadoras da
negociação.
Um
dos motivos alegados para não conceder aumento real é o fato de o lucro obtido
pelos bancos ter sido menor do que a inflação no primeiro semestre, em relação
ao mesmo período de 2012.
Na
média, os bancos lucraram 3,7% a mais, enquanto a inflação está em 6%.
"Um
setor que lucrou R$ 59 bilhões não pode dar aumento real? Mesmo que o lucro não
tivesse crescido, ainda seria altíssimo. Não tem cabimento", diz a
sindicalista.
"A
economia está girando mais devagar, com resultados inferiores aos de anos
anteriores. O cenário é de indefinição neste ano e no primeiro semestre de
2014. É preciso cautela", afirma o diretor.
AUMENTO REAL
Neste
ano, os bancários pedem reajuste salarial de 11,93%, sendo 5% de aumento real,
além de PLR no valor de três salários mais R$ 5.553,15 fixos, entre outros.
No
ano passado, foram nove dias de paralisação, que resultaram em reajuste de
7,5%, sendo 2% de aumento real. Em 2011, os bancários cruzaram os braços por 21
dias e voltaram ao trabalho com reajuste de 9% (1,5% acima da inflação). Foi a
maior paralisação desde 2004.
Patrões
e empregados não sentam para negociar há três semanas. Cada um dos lados espera
uma contraproposta.
Segundo
os bancários, 10.586 agências e centros administrativos nos 26 Estados e
Distrito Federal foram fechados devido à greve. A Fenaban não divulga a adesão.
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